Em comemoração à semana das mulheres, as turmas dos Anos Finais do Ensino Fundamental se prepararam para entrevistar mulheres de nossa escola que os inspiram, focando em suas visões de mundo e nas suas características como mulheres e, também, profissionais.
No primeiro dia, a turma 91 entrevistou a nossa supervisora escolar Nadir Hartmann.
Confira abaixo a entrevista:
Conte-nos um pouco sobre sua trajetória profissional.
Como sou de outra região, comecei a trabalhar em um concurso na região Noroeste do Estado do RS. Também trabalhei um pouco em Santa Catarina. Agora, em fevereiro, completei 25 anos de trabalho no magistério.
No primeiro dia, a turma 91 entrevistou a nossa supervisora escolar Nadir Hartmann.
Confira abaixo a entrevista:
Conte-nos um pouco sobre sua trajetória profissional.
Como sou de outra região, comecei a trabalhar em um concurso na região Noroeste do Estado do RS. Também trabalhei um pouco em Santa Catarina. Agora, em fevereiro, completei 25 anos de trabalho no magistério.
Comecei trabalhando com os pequenos, já que meu sonho sempre foi a Educação Infantil. Minha primeira experiência em uma escola foi com a pré-escola, mas com o tempo, já que a Educação Infantil não é prioridade do estado, as turmas fecharam e recebi uma vaga na coordenação pedagógica da escola em que trabalhava na época. Quando vim para Lajeado, em 2012 trabalhei 3 anos na 3º CRE e, durante as visitas que realizamos nas escolas, gostei de conhecer a EEEM Santo Antônio e escolhi trabalhar nessa escola em 2015, desde então estou aqui. A direção não foi uma escolha minha, mas entrei em um ano de eleição e alguns colegas insistiram para que eu me candidatasse à vaga. Aceitei o desafio e acabei ficando até hoje na equipe diretiva, mas amo trabalhar em sala de aula. Às vezes precisava substituir no Ensino Médio, quando iniciei como Coordenação Pedagógica, algo fora daquilo que eu estava acostumada e sentia medo, mas são desafios que precisam ser encarados, sem desistir e sempre seguindo em frente.
Quais você diria que foram as suas contribuições para a escola Santo Antônio?
Acredito que trouxe um equilíbrio, uma paz ao ambiente. Haviam problemas quando cheguei à escola, existiam conflitos entre o grupo de trabalho, mas hoje não existem mais, porque somos um grupo unido, ainda que continuem havendo opiniões diferentes, o objetivo final é o mesmo e este desejo está com todos. Há coisas a serem melhoradas, como, por exemplo, melhorar a climatização nas salas de aula, mas começamos do básico e de pouco em pouco fomos melhorando a infraestrutura e iremos melhorar ainda mais. Porém, minha maior preocupação aqui na escola sempre foram os assuntos pedagógicos, com a vontade de demonstrar à comunidade escolar a qualidade e a inteligência dos nossos alunos. Nossa maior arma é o estudo e essa será sempre nossa maior preocupação.
Você enfrentou dificuldades sendo mulher em uma posição de liderança no ambiente escolar?
Acredito que não, sempre me senti respeitada. A liderança traz respeito quando é bem feita e você mostra seu caráter. Eu não descredibilizo outras mulheres, que passam por situações complicadas em outros ambientes de trabalho, mas em minha experiência sempre tive o respeito de pais, professores e alunos. Sempre tive meu papel respeitado.
Para você, qual é a importância de celebrar o dia da mulher?
Sempre é uma pergunta muito difícil, por causa da história e do contexto cultural da época. Mesmo as crianças tinham uma visão diferente, em outros momentos na sociedade, veja: em certa época, as crianças não podiam sentar junto aos pais para refeições ou conversas. Na questão da mulher, dependendo da cultura, a mulher era e é tratada diferente. Ela era importante para cuidar da casa, mas não tomava as decisões importantes. É algo cultural, antigamente não se achava isso tão errado, mas dependia do contexto, até mesmo em igrejas existiam diferentes formas de se tratar as mulheres. Acredito que hoje a mulher continua precisando ter voz. Em questão de posições no trabalho, as coisas estão melhorando e mulheres estão conseguindo ocupar cargos importantes e melhores, ganhando algumas vezes o mesmo ou mais que homens, porém essa questão deve ser relacionada a competência e não ao gênero. Percebeu-se que a mulher precisava ajudar mais na renda e então a valorização veio, pois era um papel que ficava sempre legado ao homem, que precisava prover às famílias. Continua sendo uma questão de sociedade e de cultura. Hoje os direitos estão mais iguais.
Qual mensagem você gostaria de deixar para suas alunas? E para os alunos?
Estudem, mostrem o valor que vocês tem. Assim serão respeitados em qualquer espaço e ambiente, sendo líderes no trabalho e sociedade. Vocês podem ter a profissão que quiserem. Se olhar para trás na minha vida, digo a vocês: sempre é tempo. Estudava em uma época em era obrigatório estudar até a oitava série e o estudo não era tão valorizado, na minha comunidade. Depois da oitava série, eu tive que parar de estudar e fui trabalhar na lavoura, embora quisesse continuar na escola. Insistindo muito, consegui entrar no magistério, vencendo muitas dificuldades. O desejo da faculdade começou apenas tempos depois, quando já estava casada e com um filho. Todos vocês têm o direito, estudem e ocupem os espaços. Vocês tem valor, vocês precisam acreditar em vocês. Posso me lamentar uma vida inteira e isso não me levará a lugar algum, mas posso tentar aprender com o que a vida me traz e ver onde a vida me levará com isso.
Diga uma lição que você aprendeu durante a vida enquanto mulher e professora que gostaria de transmitir aos seus alunos.
Não desistir de nenhum desafio, quanto mais encararmos e quanto mais vamos chegando ao fim das etapas, mais resultados teremos, mesmo que o percurso não seja fácil. Termine, vá até o final, porque tudo é aprendizagem. Por que é a vida de vocês, não desistam de vocês.
Como você lida com o machismo?
Eu olho para isso como injustiça e injustiça me deixa muito braba. Como lidar? Não posso sair batendo, nem xingando, é necessário debater, conversar, dialogar, mas sempre respeitando. Respeito as pessoas, mesmo não concordando com suas atitudes. Não acredito que grandes campanhas resolvem as coisas, somos respeitadas quando ocupamos nossos espaços com dignidade e caráter.
Qual foi a maior dificuldade que você teve durante o trabalho nessa escola?
Não desistir de nenhum desafio, quanto mais encararmos e quanto mais vamos chegando ao fim das etapas, mais resultados teremos, mesmo que o percurso não seja fácil. Termine, vá até o final, porque tudo é aprendizagem. Por que é a vida de vocês, não desistam de vocês.
Como você lida com o machismo?
Eu olho para isso como injustiça e injustiça me deixa muito braba. Como lidar? Não posso sair batendo, nem xingando, é necessário debater, conversar, dialogar, mas sempre respeitando. Respeito as pessoas, mesmo não concordando com suas atitudes. Não acredito que grandes campanhas resolvem as coisas, somos respeitadas quando ocupamos nossos espaços com dignidade e caráter.
Qual foi a maior dificuldade que você teve durante o trabalho nessa escola?
O começo. Minha maior preocupação era a responsabilidade, e se algo acontecesse com um aluno? Quem seria cobrado? O diretor. Tudo era muito novo e eu era cobrada pelo meu senso de dever, mas foi um caminho que escolhi, do qual não desisti e persisti para que eu chegasse onde estou hoje. Aprendi muito.
Qual foi a parte mais desafiadora de sua vida?
Assumir o desafio na Escola Santo Antônio, mas sou muito feliz e escolhi estar aqui. Quando somos nomeados, precisamos ir onde há vaga, mas quando pedi transferência, escolhi trabalhar nessa escola. Em todos os lugares que trabalhei a realidade era diferente, mas aqui eu me realizei profissionalmente. Gosto muito de trabalhar aqui, gosto muito de trabalhar com vocês. Hoje posso dizer que sou feliz.
Embora na escola você seja a supervisora escolar, em casa você é uma mãe. Como relaciona essas duas funções?
Olho para vocês, os alunos, como se fossem meus filhos, mas eu saio daqui e tenho minha família. O bem que eu quero pra vocês é igual ao bem que eu quero para meus filhos, que também estudaram em escola pública, assim como eu. No estudo, há momentos em que precisamos ser duros com vocês, pelo bem de vocês. Nunca nego e digo que gosto muito de um abraço. Devo ter abraçado a maioria aqui, ainda que eu cobre e coloque os limites necessários.
Parabéns pela atividade e obrigado por compartilhá-la com todos nós!
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