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quinta-feira, 7 de março de 2024

Semana das Mulheres - Funcionária Fernanda

Dando sequência às entrevistas "das mulheres de nossa escola que os inspiram",

hoje os Anos Finais entrevistaram a funcionária Fernanda. Entrevistas realizadas focando as visões de mundo e as características como mulheres e, também, profissionais das entrevistadas.
Confira abaixo a entrevista:
1 - Qual a importância, para ti, do Dia Internacional da Mulher?
Eu acho que seria importante se a mulher fosse lembrada e comemorada todos os dias, mas sei da importância de ter, também, um dia específico para que isso seja lembrado. Foi algo que surgiu através de dores e precisa ser lembrado todos os dias.

2 - Como a liderança feminina pode influenciar positivamente a dinâmica no ambiente de trabalho?
Homens e mulheres têm ideias diferentes. A mulher tem uma sensibilidade, um olhar diferente nesse ponto. Aqui, lidamos com a educação, e o homem é mais razão, enquanto a mulher é mais emoção. Esses pontos precisam coexistir para que haja harmonia no ambiente de trabalho e tudo funcione bem.
3 - Para além do trabalho, quais são suas melhores habilidades?
Cozinho muito bem, sou uma ótima conselheira e também uma ótima mãe.

4 - Qual foi a primeira coisa em que você pensou ao começar a trabalhar nesta escola?
Vim para cá quando me casei com meu esposo, que era de Lajeado, há 23 anos. Sou natural de São Gabriel, próximo ao Uruguai, onde o conheci. Trabalho na escola há muito tempo, quando cheguei foi um alívio. Antes trabalhava na Minuano, então me foi realmente uma coisa muito boa. Trabalhar em escola era algo que pra mim era comum e familiar, já que minha mãe também era funcionária de escola e eu ia com ela ao trabalho. Desde então vivo aprendendo, já aprendi muito aqui.

5 - Qual foi o dia mais feliz da sua vida? Para quem é mãe, quando se nasce um filho é o dia mais feliz. Tive três dias mais felizes na minha vida, quando meus filhos nasceram.
6 - Para você, ser mulher é algo fácil ou difícil? Por quê?
Eu acho que Deus nos criou homem e mulher, e a mulher vem com uma carga emocional a mais. Não se torna difícil ser mulher quando coisas são aceitadas, como, por exemplo, aceitar o desafio de assumir o papel de ser mãe, o papel de ser esposa, são coisas que se trabalha para quem deem certo. Quando fazemos algo acontecer diferente, as coisas funcionam. Ser mãe é uma correria, não é fácil, mas é algo que preciso fazer. Agora sou mãe sozinha de 3 filhos e embora seja um desafio, com amor fica tranquilo.

7 - Além de atuar como funcionária da escola, sabemos que você também é formada em Pedagogia. Comente sobre isso.
Me formei em 2018, pela UNOPAR. Ainda não consegui atuar como professora, pois sou funcionária por questões financeiras. Dependo de possíveis concursos, pois sou nomeada e não valeria a pena abrir mão disso para um contrato temporário. 
Adquiri a vontade de ser professora convivendo com os professores e vendo como as coisas funcionam, porque percebi que as coisas podem mudar aqui dentro. Estudar e trabalhar foi muito desafiador, para conciliar é preciso abrir mão de algumas coisas, mas para nosso futuro é importante. Com 46 anos, ainda me pergunto se chegarei a dar aula, porque seria um desafio me desligar desta escola, depois de tanto tempo.
8 - Você já percebeu diferenças no tratamento ou nas oportunidades de trabalho que recebeu até hoje por ser uma mulher?
Por ser mulher, não. Meu maior desafio aqui, quando me mudei (eu não trabalhava porque cuidava da minha filha de 1 ano, quando ela foi pra creche eu comecei a trabalhar) foi deixar currículo em todos os lugares e perceber uma resistência quando viam que eu vinha do bairro Santo Antônio. Nessa época, as coisas eram diferentes aqui e existia um preconceito social muito grande em relação ao bairro, acreditavam que era muito violento e sabiam somente sobre o que ouviam. Onde se encontrava muita gente do bairro era onde as pessoas não queriam trabalhar: nas fábricas. Era uma realidade da época. Hoje em dia não vejo mais, pois encontro gente de todo o bairro trabalhando em vários lugares da cidade.
9 - Você acha que existem estereótipos de gênero associados ao trabalho de limpeza escolar?
Não é algo que precise existir, mas ainda há muito preconceito sobre isso. Cada pessoa tem um jeito de fazer e de pensar, assim como dentro dos lares, acreditam que esses trabalhos são feitos para mulheres. Elas eram criadas para isso, mas hoje em dia não, elas estão dentro do mercado de trabalho e precisam dessa ajuda. 
Precisamos estabelecer relacionamentos baseados na ideia de que como um homem trata sua própria mãe, é como ela tratará sua esposa. Algo ser de mulher para fazer, como a limpeza? Isso não existe. As mulheres estão em todos os lugares, são até mecânicas. Isso precisa parar de existir, esse preconceito enraizado.
10 - Quais conselhos você pode dar para as alunas de hoje enfrentarem o mundo de amanhã como mulheres? 
É importante se valorizarem, não mostrarem para os meninos que eles precisam ver somente um corpo. Precisam mostrar que vocês tem capacidade emocional e física, não ser dependente deles e não serem dominadas. Quando meu marido faleceu, ele tinha uma empresa de guincho e eu sabia lidar com isso porque eu sempre fiquei por dentro das coisas. Eu consegui fazer depois porque eu estava junto, eu via como as coisas eram. Hoje sei trocar torneiras, arrumar vasos. Me tornei independente. Façam isso, façam cursos, aprendam a depender apenas de vocês mesmas. Se puderem trabalhem, não fiquem dependentes. Não aceitem serem tratadas como vocês não querem, independente se for em casa, pelos parentes, ou no trabalho. Aceitem somente o que vocês merecem. No ambiente de trabalho, nunca aceite serem submetidas a estereótipos de servir para uma coisa, coisas de mulheres. 
Vocês têm um privilégio, a minha realidade dentro do bairro foi diferente. Vocês têm educação, vocês têm duas escolas dentro do bairro, mesmo educação infantil. Vocês têm grandes oportunidades, como oportunidades de empregos e de cursos. Aproveitem, façam. A gente não tinha a tecnologia que vocês têm hoje, tudo era mais difícil. Pensem, nunca desperdicem as oportunidades. Aceitem aquilo que de bom as pessoas mais velhas têm a dizer e a trazer.
Parabéns pela atividade e obrigado por compartilhá-la com todos nós!

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