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terça-feira, 5 de maio de 2020

Educadores driblam limitações para garantir ensino a distância

Abaixo reproduzimos a matéria publicada no site do CPERS, datada de 27 de março último, com o título - "Sem estrutura ou recursos, educadores driblam limitações para garantir ensino a distância".
A leitura e reflexão sobre a postagem é "obrigatória" neste momento. Educadores(as), direções, pais, estudantes, famílias estão se empenhando ao máximo em articular e organizar materiais no sentido de dar continuidade ao processo de ensino e aprendizagem de nossas crianças e jovens, visando amenizar todas as limitações que o momento nos apresenta.



Sem estrutura ou recursos, educadores driblam limitações para garantir ensino a distância
Fonte - CPERS
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Com as aulas suspensas para conter a propagação do coronavírus (Covid-19), educadores(as) da rede estadual precisaram reorganizar a metodologia de ensino em tempo recorde.
Apesar de orientar o cumprimento de atividades letivas por Ensino a Distância (EAD), a Seduc desconsidera a falta de estrutura, tecnologia, treinamento e as condições socioeconômicas de estudantes e professores(as) – muitas vezes com acesso precário ou inexistente à Internet – para a efetivação das aulas.
Cleomar Marcila Ferreira de Souza, professora da escola Onofre Pires, do bairro Lomba do Pinheiro, periferia de Porto Alegre, relata que teve dois dias para organizar o trabalho.
“Foi o prazo dado para preparar o material, sem qualquer apoio, e entregar aos alunos. Como o governo não repassou a verba neste ano, não havia folhas suficientes para preparar apostilas”, conta, destacando que diante da dificuldade, a solução foi entregar livros didáticos com indicação de estudos. “Foi a única forma de garantir material de apoio, pois a maioria não tem Internet em casa ou computador”, observa.
Sem um sistema implementado para ofertar as aulas, vale tudo para garantir a passagem do conteúdo: grupos de whatsapp, Facebook, link para download no Drive (ferramenta do google) e até ponto de ônibus.
É o caso da EEEM XV de Novembro, escola rural de São Gabriel. Para não deixar estudantes desassistidos, o professor de geografia Eduardo Pastorio utilizou as paradas do transporte. “As famílias pegam as atividades no local em que as crianças e adolescentes pegam os ônibus. Quando vão entregar os exercícios prontos, recebem novas tarefas”, explica.

Nesse meio tempo é praticamente impossível manter contato com os estudantes. “Principalmente devido à dificuldade de comunicação, o acesso à internet, problemas com sinal de telefone e a distância das escolas”, expõe.
Acesso à Internet ainda está longe de ser universal
De acordo com levantamento do Dieese, com base no suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) realizada pelo IBGE em 2017, apenas 29,4% dos domicílios gaúchos tinham computadores conectados à Internet. No período de coleta, 23,9% das residências ainda não tinham qualquer acesso à Internet, mesmo por dispositivos móveis como aparelhos celulares.
A análise do Dieese destaca ainda que 1/3 dos domicílios sem acesso à Internet não tem condições financeiras para contratar o serviço.

Na EEEF Santo Afonso, em Novo Hamburgo, a vice-diretora Carina Priscila Viegas conta com a parceria entre os estudantes. “Alguns alunos que têm internet e entram em contato conosco repassam informações aos colegas que não têm acesso e moram perto”, explica a educadora da instituição, que atende a mais de 500 alunos em uma comunidade de alta vulnerabilidade social.
Em escolas que atendem famílias menos carentes, o uso criativo de ferramentas como o whatsapp auxilia.
Lisiane Fonseca, professora de matemática da EEEM Castro Alves, de Rolador, usa um grupo com os estudantes para sanar dúvidas. “Montamos grupos por turma e estou acompanhando cada um. Vamos conversando, discutindo as dúvidas e tirando fotos dos materiais. Procuro sempre fazer o melhor possível por eles”, afirma.
Já Carine Marques Charão, professora de Santa Maria, incorporou os pais para trabalhar com estudantes das séries iniciais.
“Tem bastante interação porque os pais gostam de participar e ajudar as crianças. Para os alunos maiores, criamos um link no drive e colocamos no Facebook da escola”, comenta. “Mas essa é uma prática complementar, que serve para este momento específico. Na adaptação, encontramos dificuldades”, conclui Carine.
Modalidade EAD não substitui trabalho presencial
Rosane Zan, diretora do Departamento de Educação do CPERS, reconhece a necessidade da ferramenta em meio à calamidade pública, mas alerta para as suas limitações.
“Vivemos uma excepcionalidade, em que o EAD é a única forma de ensino possível. Mas esse período não pode servir para acelerar a implementação da modalidade na rede estadual. A educação à distância pode ter papel complementar, mas jamais substituirá o trabalho presencial”, avalia.
O uso indiscriminado do EAD, além de excludente por dificultar o acesso dos estudantes mais vulneráveis, resultaria no enxugamento de recursos humanos e na precarização da qualidade do ensino.
“O ensino-aprendizagem é um processo que vai muito além da passagem do conteúdo. É a sociabilidade na escola, a atenção na sala de aula, o contato direto e humano entre aluno, professor e demais integrantes da comunidade escolar”, destaca Rosane.
O agravante sócio-econômico, lembra a diretora, não se limita aos estudantes. Devido a anos de salários atrasados e parcelados e, mais recentemente, o corte de ponto da greve, professores(as) também têm dificuldades de acesso e de arcar com as contas de Internet.
Fonte - CPERS

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