“Todo dia, quando o sol se põe, eu penso nos
professores que trabalham nas escolas estaduais do Rio Grande do Sul e sinto
meu coração disparar. Eu penso nessas mulheres e homens que ganham pouco,
trabalham muito, enfrentam dificuldades enormes e são chamados por levianos e
insensatos de privilegiados. Penso no massacre que o pacote de reformas do
governo pretende consumar e me sinto devastado pela impotência. Que posso
fazer? Penso nesses funcionários públicos recebendo salários atrasados há 50
meses, esses aposentados que contam os dias, as horas, os pilas e escondem o
rosto para não chorar.
Todo dia, quando o sol de põe, como no poema de Kerouac, eu penso em
nossa gente e me digo na solidão da janela para a avenida engarrafada: nada
mais legítimo do que esta greve do magistério. Fiz o dever de casa, li as
propostas do governo, estudei as críticas feitas a elas, ouvi deputados,
concluí que as perdas para os professores ao longo da carreira são
acachapantes. Ao final, um professor ganhará R$ 3.800,00. É muito pouco para
quem tem a mais nobre missão. Mais triste ainda é ver o projeto ser apresentado
como um ganho para o magistério.