"O que sou eu?
Eu sou um entre outros 7 bilhões de humanos.
De uma única espécie, entre outras 3 milhões de espécies já
classificadas. Que vive num planetinha que gira em torno de uma estrelinha,
que é o sol, que é uma estrela entre outras 100 bilhões de estrelas que compõe
a via láctea, que uma galáxia entre outras 200 bilhões de galáxias num dos
universos possíveis, que vai desaparecer
e eu sou (como estava ali) o subtreco do vicetroço.
Nessa hora, o sujeito que empina o nariz esquece um ditado
chinês que é o que eu mais gosto. Os chineses dizem para gente arrogante que “quando a partida
de xadrez termina, o peão e o rei vão para a mesma caixinha”, quando o jogo
de xadrez acaba, independentemente do resultado, os dois são guardados em uma
caixinha, por isso, de nada adianta, essa arrogância que alguns tem de
imaginar, que só porque eu assim, eu sou mais. Não, eu sou diferente. Não
preciso ser mais.
Gente arrogante não suporta que haja outra pessoa que possa a
ela fazer sombra. Por isso eu sempre lembro: o preconceito tem duas fontes: a
primeira é a tolice que um preconceituoso, uma preconceituosa é tonto. A
segunda coisa é a covardia, porque o preconceituoso tem tanto medo de o modo
como ele é, ser diminuído, que ele decide diminuir a outra pessoa por causa da
cor da pele, da religião que ela pratica, da orientação sexual, porque para ela
crescer, ela tem que abaixar a outra. Esse aí que abaixa a outra para crescer,
é pequeno demais e aí eu não quero."
Mário Sergio Cortella – Pensar bem nos faz bem!