Na esquina eles param e ficam, todos os dias, conversando por cerca de 10 minutos. Não há, nesse tempo, um momento sequer que ela deixe de fazer um carinho no filho. Alisa suavemente seu rosto, abraça-o, riem, continuam a conversa, agora de mãos dadas. Fico ali, olhando os dois e todos os dias me emociono com aquela mãe.
Hoje, ao despedir-se do filho, estava eu de pé e ela, ao virar-se para sair, notou que eu olhava a cena. Fitou-me com seus grandes olhos negros e se foi. Fiquei ali, estático, pensando no olhar daquela mulher.
Não havia no olhar daquela mãe nenhum resquício de amargura, ódio, ressentimento, tristeza; ao contrário: havia altivez, ali; não a altivez do orgulho e da prepotência, não; havia a altivez do amor, da ternura, do afeto; enfim do dever cumprido, não por obrigação, mas por grandeza. Sim, havia cansaço naqueles olhos, mas daquele cansaço que castiga o corpo e alivia a alma. O cansaço do prazer de amar por inteiro aquele filho; cansaço que não cansa, pois se torna nada diante do seu amor infinito.
Estou aqui escrevendo, mas a vontade que tenho é de dar um forte abraço naquela mãe e dizer: “Obrigado, mãe, nós, pobres homens, te invejamos por tanto amor…” Zatonio Lahud - Fevereiro de 2010 Fonte - interrogaesblog