Nesta semana santa,
comovi-me diante de um catador de papel e morador de rua. Ele passa todos os
dias em frente ao meu trabalho. Detalhe: sempre acompanhado de seu fiel e
magérrimo cãozinho.
Eriberto, disse-me que não aceitou a oferta
generosa de uma ONG que queria lhe dar um abrigo com dignidade. Razão de não
ter aceito a generosidade: “ Eles me disseram que eu não poderia levar o Piloto
para morar comigo”.Vendo esta cumplicidade existencial entre o
pequeno animal e seu dono entendi um pouco mais o poema do Drummond (Consolo na Praia):
A infância está perdida.
A mocidade está perdida
as a vida não se perdeu.
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas ainda tens um cão...
Interpretei a cena que vi como sendo mais uma lição de que nosso olhar não deve focar as nossas vias-sacras e sim as ressurreições constantes que a vida nos oferece. Noites que se transformam em manhãs, invernos que se tornam primaveras, lagartas que se metamorfoseiam em borboletas...Ou um cãozinho, com seu olhar de amigo, que nos comprova o valor da lealdade". (Dedicado a Rita que sabe cuidar bem do seu cãozinho) Carlos Alberto Rodrigues Alves Fonte - pensador
Carlos Alberto Rodrigues Alves - Licenciatura em Pedagogia pela Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras TUIUTI, graduação em Teologia - Seminário
Presbiteriano do Sul e pós Graduação pelo CEBI / Faculdade Metodista de São
Paulo. Tem mestrado em Engenharia da Produção pela Universidade Federal de
Santa Catarina.
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