A leitura e reflexão sobre a postagem é "obrigatória" neste momento. Educadores(as), direções, pais, estudantes, famílias estão se empenhando ao máximo em articular e organizar materiais no sentido de dar continuidade ao processo de ensino e aprendizagem de nossas crianças e jovens, visando amenizar todas as limitações que o momento nos apresenta.
Sem estrutura ou recursos, educadores driblam limitações para garantir ensino a distância
Fonte - CPERS
USE MÁSCARA, É OBRIGATÓRIO.
PROTEJA QUEM VOCÊ AMA !
|
Apesar
de orientar o cumprimento de atividades letivas por Ensino a Distância (EAD), a
Seduc desconsidera a falta de estrutura, tecnologia, treinamento e as condições
socioeconômicas de estudantes e professores(as) – muitas vezes com acesso
precário ou inexistente à Internet – para a efetivação das aulas.
Cleomar
Marcila Ferreira de Souza, professora da escola Onofre Pires, do bairro Lomba
do Pinheiro, periferia de Porto Alegre, relata que teve dois dias para
organizar o trabalho.
“Foi
o prazo dado para preparar o material, sem qualquer apoio, e entregar aos
alunos. Como o governo não repassou a verba neste ano, não havia folhas
suficientes para preparar apostilas”, conta, destacando que diante da
dificuldade, a solução foi entregar livros didáticos com indicação de estudos.
“Foi a única forma de garantir material de apoio, pois a maioria não tem
Internet em casa ou computador”, observa.
Sem
um sistema implementado para ofertar as aulas, vale tudo para garantir a
passagem do conteúdo: grupos de whatsapp, Facebook, link para download no Drive
(ferramenta do google) e até ponto de ônibus.
É o caso da EEEM XV de
Novembro, escola rural de São Gabriel. Para não deixar estudantes
desassistidos, o professor de geografia Eduardo Pastorio utilizou as paradas do
transporte. “As famílias pegam as atividades no local em que as crianças e
adolescentes pegam os ônibus. Quando vão entregar os exercícios prontos,
recebem novas tarefas”, explica.
Nesse meio tempo
é praticamente impossível manter contato com os estudantes. “Principalmente
devido à dificuldade de comunicação, o acesso à internet, problemas com sinal
de telefone e a distância das escolas”, expõe.
Acesso à Internet
ainda está longe de ser universal
De acordo
com levantamento do Dieese, com base no suplemento
da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) realizada pelo
IBGE em 2017, apenas 29,4% dos domicílios gaúchos tinham computadores
conectados à Internet. No período de coleta, 23,9% das residências ainda não
tinham qualquer acesso à Internet, mesmo por dispositivos móveis como aparelhos
celulares.
A análise do
Dieese destaca ainda que 1/3 dos domicílios sem acesso à Internet não tem
condições financeiras para contratar o serviço.
Na EEEF Santo
Afonso, em Novo Hamburgo, a vice-diretora Carina Priscila Viegas conta com a
parceria entre os estudantes. “Alguns alunos que têm internet e entram em
contato conosco repassam informações aos colegas que não têm acesso e moram
perto”, explica a educadora da instituição, que atende a mais de 500 alunos em
uma comunidade de alta vulnerabilidade social.
Em escolas que
atendem famílias menos carentes, o uso criativo de ferramentas como o whatsapp
auxilia.
Lisiane Fonseca,
professora de matemática da EEEM Castro Alves, de Rolador, usa um grupo com os
estudantes para sanar dúvidas. “Montamos grupos por turma e estou acompanhando
cada um. Vamos conversando, discutindo as dúvidas e tirando fotos dos
materiais. Procuro sempre fazer o melhor possível por eles”, afirma.
Já Carine Marques
Charão, professora de Santa Maria, incorporou os pais para trabalhar com estudantes
das séries iniciais.
“Tem bastante
interação porque os pais gostam de participar e ajudar as crianças. Para os
alunos maiores, criamos um link no drive e colocamos no Facebook da escola”,
comenta. “Mas essa é uma prática complementar, que serve para este momento
específico. Na adaptação, encontramos dificuldades”, conclui Carine.
Modalidade
EAD não substitui trabalho presencial
Rosane Zan,
diretora do Departamento de Educação do CPERS, reconhece a necessidade da
ferramenta em meio à calamidade pública, mas alerta para as suas limitações.
“Vivemos
uma excepcionalidade, em que o EAD é a única forma de ensino possível. Mas esse
período não pode servir para acelerar a implementação da modalidade na rede
estadual. A educação à distância pode ter papel complementar, mas jamais
substituirá o trabalho presencial”, avalia.
O
uso indiscriminado do EAD, além de excludente por dificultar o acesso dos
estudantes mais vulneráveis, resultaria no enxugamento de recursos humanos e na
precarização da qualidade do ensino.
“O
ensino-aprendizagem é um processo que vai muito além da passagem do conteúdo. É
a sociabilidade na escola, a atenção na sala de aula, o contato direto e humano
entre aluno, professor e demais integrantes da comunidade escolar”, destaca
Rosane.
O agravante
sócio-econômico, lembra a diretora, não se limita aos estudantes. Devido a anos
de salários atrasados e parcelados e, mais recentemente, o corte de ponto da
greve, professores(as) também têm dificuldades de acesso e de arcar com as
contas de Internet.
Fonte - CPERS
Nenhum comentário:
Postar um comentário