Outra alteração fundamental, e que tem a ver
com essa complexidade do obedecer em tempos fascistas, é a substituição da
sequência dos meninos travessos virando burros (reforço do moralismo) pelo
acampamento infantil em que os recrutados mirins apreendem a guerrear
precocemente. A guinada é radical, pois inverte o discurso principal. Antes a
mensagem era “meninos, não sejam rebeldes, pois senão...”. Nesta nova versão, a rebeldia é justificada pela
emancipação, ou seja, os meninos devem causar a revolução ao ter consciência de
que o contrário (engrossar as fileiras do fascismo) é muito mais errado do que
suas traquinagens. O equilíbrio traz muito mais nuances a esse aspecto
ideológico, pois nem romantiza a insurreição completamente e tampouco a
invalida como uma força transformadora. Pinóquio
por Guillermo del Toro também ganha pontos
preciosos em virtude do design de produção assinado por Guy Davis e Curt
Enderle. Saem as fadas comportadinhas das roupagens necessariamente infantis e
entram as criaturas cujo aspecto mitológico é reforçado pela inserção das
visitas de Pinóquio ao mundo dos mortos (outra novidade). Para quem (assim como
o autor deste texto) estava pensando “lá vem
outra versão lenga-lenga”, aconselha-se a deixar um
pouco os preconceitos de lado a fim de aproveitar com menos barreiras a
interpretação corajosa de Guillermo del Toro e Mark Gustafson para uma história que já foi contada
tantas vezes antes. Todavia, nunca assim. Fonte - papodecinema EEEM Santo Antônio 26 anos de compromisso com a comunidade!
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